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Sabrina Guedes de Oliveira

Autor: Sabrina Guedes de Oliveira

ISERJ É A SIMBOLOGIA DA FÊNIX- Do glamour ao pensamento social: uma afirmação no tempo

20/2/2022 - Barueri - SP

Mônica Macedo e Sabrina Guedes

           

            Do esplendor dos anos dourados às décadas de chumbo e resistência, O Iserj[1] viveu momentos de tensão, com altos e baixos, idas e vindas, de uma história que se fez e se refez concomitantemente com os rumos do próprio país. De ocasiões austeras aos movimentos de libertação e vanguardistas, o imponente prédio tijucano foi um bravo conciliador das novidades, sem perder a sua essência nostálgica e saudosista.

            A formação do professor sempre foi o tesouro dessa casa que primorosamente pelas mãos de Anísio Teixeira iniciou um trabalho denominado escolas-laboratório, com a finalidade de unir teoria e prática na construção docente. Um verdadeiro laboratório de pesquisa que refletia o ideal da formação do professorado da época. Concepção que ainda carregamos em nossa identidade brasileira.

            A Escola Normal idealizada por Anísio Teixeira era o modelo de educação e formação docente que as famílias e a sociedade brasileira da metade do século XX esperavam. As expectativas de comportamento eram claras, fixas, definidas. Ser professora era motivo de orgulho e de destaque social, sem contar, a ideia de estar contribuindo para a formação de um novo país.

           Mas...o tempo se transforma e as ações nunca são as mesmas, a sociedade muda a todo tempo. E vieram tempos de polemizar e de grandes transformações nos costumes e mentalidades. Mas o Iserj, continuava participando, transgredindo e se fazendo presente na reflexão de outros comportamentos e direitos até então, pouco tensionados. Uma explosão de modificações! Mas, o Iserj vai se modificando, saindo de um glamour emoldurado e irreal e vai se colocando, abrindo as possibilidades de escuta.

           O glamour vivido pelo Iserj nos anos 50 do século XX se transformou em uma atmosfera cinzenta, de muitas incertezas e que se configurou para a sociedade carioca e brasileira como um novo mundo, onde a educação foi um alvo ideológico de extremo valor.

            As concepções mudaram e os anos de “inocência” se desfiguraram, trazendo para o centro da discussão uma nova imagem do alunado dos anos 60. Viver sem a “liberdade” de outrora mudou o perfil da geração das professorandas daquele período.

            Anos desafiantes, anos de tantas descobertas e fragilizações de estruturas que começaram um processo de colocar em xeque, verdades até então inquestionáveis.

           E nesse embalo de tantas agitações e clamores por mudanças, os chamados “anos rebeldes”, fomentaram bases para se repensar a carreira de professora, tornando-a mais consciente de seu papel social e político. E, mais uma vez, o Iserj, esteve ali, participando dessas transformações e se renovando.

           É isso! O Iserj abriga memórias de renovação constantes que o corporificam e o mantém de pé, imponente e um observador secular.

 

[1] ISERJ: Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. Antigo Instituto de Educação do Rio de Janeiro (IERJ), renomado colégio de formação de professores no Rio de Janeiro.

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