COLUNISTAS

Autor: Edson Carlos de Sena

O Psicanalista de Hoje

5/4/2022 - Barueri - SP

Subtema: A dinâmica necessária na vida do psicanalista que envolve seu desenvolvimento pessoal e sua práxis como terapeuta.

O psicanalista é aquele “profissional” que não pode sair da dinâmica que envolve o seu desenvolvimento pessoal e a prática de seu ofício. Lembrando que o psicanalista nunca deixa de ser um psicanalista, mesmo fora do consultório. Essa é uma diferença própria desse “profissional”. Isso não significa que o psicanalista está analisando o tempo todo, mas significa que a formação psicanalítica é para toda vida, é para todos os momentos.

A vida de Sigmund Freud é o modelo, por excelência, de como deve ser a dinâmica da vida do psicanalista. Freud descobriu que o analista (psicanalista) cresce como tal na medida que este desenvolve-se pessoalmente, mas sem confundir o que é a vida do paciente com o que é a sua vida (a do psicanalista).

A formação inicial do psicanalista segue um caminho comum (pelo menos deveria seguir), porém não se restringe a um conhecimento cristalizado, pois é preciso buscar sempre novos conhecimentos, lingando sempre o conhecimento de sua área ao das outras áreas, mas sem perder o foco e a base que fundamenta a sua missão como analista.

Sigmund Freud por mais que fosse um homem focado em sua meta em desenvolver uma ciência da psiquê (da mente), no entanto viu que era necessário recorrer, muitas vezes, a outras áreas do conhecimento, como por exemplo: a filosofia e as artes.

 Alguns profissionais de outras áreas, ou até de áreas correlatas à Psicanálise, pensam que o psicanalista deve se limitar ao método clínico prático da Psicanálise, isso numa visão simplicista. Porém isso não condiz com as inúmeras possibilidades da atuação do psicanalista e nem ao seu campo de estudo. E quando falamos de atuação clínica, não podemos resumir a Psicanálise a um simples e limitado método de terapia, pois um bom psicanalista é aquele que deve ter a sua disposição uma gama expressiva de conhecimentos, para melhor dar encaminhamento à sua prática clínica.

O psicanalista contemporâneo, assim como o de outrora, mas de forma ainda mais acentuada, deve estar envolvido na dinâmica do constante aprender e do reciclar os conhecimentos já adquiridos. Uma base formativa sólida é essencial, mas para ela continuar sólida é preciso aderir a esta dinâmica de aprender mais e reciclar o aprendido.

Na Psicanálise, cada paciente traz um caso diferente, pois cada ser humano é singular e assim deve ser analisado e estudado. Falamos estudado, pois o psicanalista é um investigador e um estudioso em muitos sentidos, desde de tudo daquilo que emerge do inconsciente do paciente em suas diferentes manifestações, como também em tudo aquilo que subsidia as interpretações e se estende nas devoluções feitas ao paciente com intuito que este chegue aos insights precisos, podemos falar também falar em catarse e ab-reação.

Voltando ao tema principal, é necessário repensar o conceito ou os conceitos de psicanalista, pois por mais que esses conceitos não estejam errados, no entanto, no que tange a formação e a atuação do psicanalista, estes conceitos não podem ser resumidos a visão limitada a que muitos veem (pensam) este profissional. Nem pode o psicanalista se permitir o comodismo e o fechamento, no que se refere à busca de conhecimento de outras áreas do saber.

Não podemos deixar de falar em autoconhecimento, pois este deve ser uma meta sempre buscada, mesmo que nunca poderemos dizer que nos conhecemos totalmente. Mas precisamos buscar a cada dia dar um novo passo neste sentido. Pois não podemos ajudar a ninguém a se conhecer se antes não buscamos nos conhecermos. Uma boa dica é se envolver com pessoas que buscam os mesmos objetivos que os nossos. Podemos compartilhar conhecimentos em eventos, encontros e conversas. Alguns grupos encontrados nas redes sociais ajudam no compartilhamento de conhecimentos.

Estamos em uma nova era da comunicação e da informação e não podemos fugir das demandas que surgem do homem de hoje. É necessário conhecer quem é o homem de hoje. E como cada paciente é único, faz-se necessário conhecer as demandas de cada paciente de modo particular.

Para finalizarmos, podemos compreender que a missão do psicanalista é de tamanho expressivo e que exige muita disposição, mas que ela também traz uma recompensa de grande valor, pois tudo é feito por amor aquilo que é o centro dessa missão: o ser humano. Proporcionar melhor qualidade vida para o seu semelhante é o que busca o psicanalista a cada dia. E isso é algo muito grandioso.

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