Autor: Edson Carlos de Sena
Nasce o dia e o negro ainda sofre os resquícios da escravidão
A longa jornada das viagens oceânicas ainda está no seu subconsciente
O negro, para muitos, não é gente
No imaginário desses, ele é um animal domesticado
Quem será o meu filho negro nesta nação de exclusão?
É essa a angústia que me atormenta
O tempo passa, mas as cicatrizes parecem reacenderem
Quem poderá devolver a verdadeira liberdade ao negro?
A liberdade não é somente dinheiro, casa e emprego
Mas ela é o olhar do outro nu de preconceitos
Quero ser verdadeiramente livre, porém a prisão está visível no olhar do outro
Meus pensamentos estão marcados por medos de castigos
Castigos esses que vão demorar sair da genética
Sou negro e isso deveria ser sempre meu orgulho
Mas, muitas vezes, o tomam de mim
Quero ter meu orgulho sempre vivo como uma chama que nunca se acaba
Sou negro, sou gente, tenho direito à liberdade
Meus irmãos negros todos a merecem
Devolvam o nosso orgulho
Que a criança negra nasça livre em sua genética
E isso só será possível se nos libertarem primeiro.