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Edson Carlos de Sena

Autor: Edson Carlos de Sena

Sobre a Inteligência Obscura da Mente

15/8/2022 - Barueri - SP

No campo psicanalítico, falamos sobre o inconsciente que nos é apresentado como um espaço da mente humana onde existem conteúdos não acessados ao bem querer de nossa vontade. Mas que o inconsciente teria mecanismos próprios de manifestações desses conteúdos. Os conteúdos do inconsciente são manifestados de várias maneiras, como por meio dos símbolos que aparecem nos sonhos. Porém há uma outra forma terapêutica de propiciar a manifestação desses conteúdos que é por meio da Associação Livre (ou Livre Associação de Ideias). Esta é um dos instrumentos do método psicanalítico utilizado nas sessões terapêuticas com objetivo de buscar a cura ou resoluções de conflitos interiores, neuroses... Ele (o instrumento da Associação Livre) consiste, sinteticamente falando, em que o (a) paciente verbalize tudo que lhe vem ao seu pensamento sem fazer nenhum tipo de crítica a si mesmo (a), ou seja, ao que é dito.

Mas o que venho tratar aqui é uma forma mais ampla de compreender a (as) inteligência (s) da mente. Por meio de minhas observações, pude compreender que a mente humana, e por que não dizer o ser humano, é dotado de uma (s) inteligência (s) que vai além do que se propõem comumente as discussões na literatura científica, filosófica etc.

O ser humano tem uma inteligência obscura que é difícil ou quase impossível de se detectar a olho nu ou com o uso de nossas reflexões naturais (corriqueiras). A exemplo disso, podemos citar uma ação que é racionalmente ou geralmente reprovada pelas pessoas, mas que pode ser uma ação sofisticada da inteligência humana, é o caso do sujeito que se nega ao conhecimento do que é socialmente valorizado, como o conhecimento da escrita. Isso é, quase que indiscutivelmente, uma ação ruim para qualquer pessoa que vive na zona urbana ou até mesmo em lugares pouco povoados. Mas tal ação pode ser um puro ato de inteligência diante de uma realidade interna de um sujeito. A decisão de não dirigir veículos, mesmo tida como um medo, é outro ato que pode ser uma ação interior de inteligência sofisticada e, assim, poderíamos dar inúmeros exemplos de coisas que saem do que é dito como uso correto da razão.

As pessoas são dotadas de capacidades de inteligência ou de inteligências que vai muito além do que imaginamos.

Ainda não compreendemos a capacidade de inteligência que nós, seres humanos, temos. Mas com o passar do tempo já podemos nos permitir questionamentos os quais antes não nos permitiríamos.

Uma observação já apontada por Sigmund Freud é que a neurose é uma defesa da mente humana, mas que causa perturbações ao indivíduo neurótico. Compreender que a neurose é, ou pode ser, o uso da inteligência humana que vai muito além do que nossa razão pode compreender pode ser uma chave para ajudar a pessoa neurótica a compreender que ela pode ter uma razão para sua neurose que é puro ato de inteligência e que ela pode, diante deste conhecimento, enxergar-se de modo diferente, pois ela é neurótica porque usa de uma inteligência sofisticada. Agora, é necessário saber se ela realmente quer deixar de ser neurótica. Esse modo de interpretação da (s) inteligência (s) também pode ser aplicado à loucura e tantas outras ditas enfermidades. Então, isso é somente uma pequena introdução sobre o tema que podemos buscar aprofundar ainda mais.

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